sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Dezembro Natal




E afinal chegou dezembro e com ele o último mês do Desafio Literário, começado lá em janeiro. Certamente foi uma experiência enriquecedora. Já havia lido vários posts de Desafios anteriores, e nunca pensava em participar, porque escrever os comentários me inibia. Este ano, entretanto, resolvi encarar. Já falei aqui que sou estressada com metas e prazos, então montei a estratégia de sempre ler antecipadamente os livros e deixar os comentários a postar no rascunho do Blog. Parece que funcionou. 

Bem, lá no comecinho postei uma espécie de agenda que não se cumpriu totalmente, houveram alguns desvios de percurso. 

Não liJulia & July; O tempo entre costuras; Sonho de uma noite de verão; O amor nos tempos do cólera; O falecido Mattia Pascal; O evangelho segundo Jesus Cristo; nem Mrs. Dalloway e nem A prima Bete (não sei porque, afinal eu adoro Balzac). Que ficaram como leituras pendentes, continuam na pilha.

Levei meses lendo Walden, até esqueci que estava entre as metas do Desafio. E foi uma das melhores leituras dos últimos tempos, acabei não postando nada sobre ele, talvez eu reveja isto.

O que não correspondeu: Quincas Borba (e olha que eu gosto muito de Machado); Um certo verão na Sicília (sofri para terminar); Cândido (eu esperava boas gargalhadas com ele, não ri quase nada, ficava com dó do coitado do Cândido); Dália Azul (achei fraquinho, fraquinho, mas me deixou curiosa com os outros volumes da série... vai entender!); Muito barulho por nada (inacreditável gostei mais do filme)

As agradáveis surpresas: Queijo (divertido e um bom tratado informal de como  não ser um microempresário; O gato malhado e a andorinha sinhá (um dos livros mais doces que já li);  Memorial de Aires (que me levava à contemplação a cada duas ou três páginas e me fez ler A indesejada aposentadoria, que se transformou em favorito.  Montello me surpreendeu com uma narrativa cálida e primorosa); Incertezas de outono (que me fez pensar em Mitford um dos meus favoritos quando a matéria é livro reconfortante); Norte & Sul (um livro surpreendente, não sei porque era tão pouco conhecido/lido). Todos aqui são recomendadíssimos.

Meus agradecimentos  a todos que direta ou indiretamente me ajudaram a chegar até aqui.

Encerro este desafio com a frase de Gary Chapman um dos autores de Incertezas de outono


 "Não há nada como uma boa história

E desejo a todos  um Feliz Natal !

Este blog continua aqui

Um gato na manjedoura - Michael Foreman


Livro: Um gato manjedoura
AutorMichael Foreman
Editora: Globo 
Páginas: 28


A dica deste livro veio através das  sempre muito boas sugestões da Claire. Ela me disse que o livro era muito doce e que provavelmente eu gostaria. Certíssima ela. Este não é apenas um livro muito doce, é também um livro divertido. E acabei a leitura com um riso nos lábios e nos olhos. E com a alma aquecida.  O começo da história com o gato no estábulo é muito engraçado e confesso que me senti um tanto sacrílega por estar rindo de uma história com um quê de sagrado, mas depois deixei a culpa de lado e embarquei na história e foi pura alegria e acalanto. 

"Não gosto muito de bodes. Eles estão sempre medindo forças entre si. É difícil pegar no sono com bodes por perto."

" Nem me fale de jumentos! Não tolero jumentos. Eles olham para você com aqueles olhos enormes, como se fossem amigos, e então se viram e lhe dão um coice."






Cartas do Papai Noel - Tolkien


Livro: Cartas do Papai Noel
Autor: J R R Tolkien
Editora: Martins Fontes
Páginas: 168


A dica deste livro veio direto das sugestões do próprio Desafio e este é o meu segundo Tolkien. O primeiro foi O Sr Bliss que li depois de ver a resenha do Guina (http://www.skoob.com.br/estante/livro/25117242) lá no Skoob.  
Mas, voltemos ao tema do mês: Natal. Comprei o livro lá no início do ano quando decidi participar do Desafio. Fiquei encantada com a edição primorosa da Martins. Um livro lindo bem cuidado e que nos acalenta e conforta. Em vários trechos me peguei com aquele sorriso bobo no rosto. E o livro que inicialmente pensei em ler em uma tarde foi lido aos pouquinhos para saborear melhor, lia uma a duas cartas e fechava o livro para me pegar com ar sonhador.  Fico imaginando o amor de um pai que por mais de duas décadas senta-se a escrever cartas para seus filhos como se fosse o próprio Papai Noel. Pena que hoje o nosso Natal não traga nada desta magia e que as crianças não possam crer em Papai Noel, em renas e ursos polares, enfim na magia do Natal.

O livro de Tolkien merece infinitas leituras e releituras, recomendadíssimo para leitores de todas as idades.

E talvez daqui a um ano eu o leia de novo para ter esta sensação doce e reconfortante que as Cartas do Papai Noel  trouxeram e poder pensar que este "É um Natal luminoso de novo" 


Ângela e o Menino Jesus - Frank McCourt


Livro: Ângela e o Menino Jesus
Autor Frank McCourt
Editora: Intrinseca  
Páginas: 36

Desde que li este livrinho que tento lembrar de onde veio a dica, até agora não consegui.   E como é Natal o livreiro deve ter achado que um só não bastaria e dias depois recebi um novo exemplar do mesmo livro. E eu logo pensei que na minha caduquice precoce provavelmente havia comprado o livro duas vezes. Mas, comprei o livro apenas uma vez, e o recebi duas vezes, e honesta que sou paguei duas vezes, lógico. E agora tenho (tinha?) aqui dois exemplares de Ângela e o Menino Jesus.

Mas, vamos ao livro: bem ,não dá pra fazer um tratado de um livro com trinta e seis páginas. O que posso dizer sobre? Que eu o li em 10 minutos? Sim, eu o li em 10 minutos. Que eu gostei, e deixou um que de acalanto na alma? Sim, eu gostei, e deixou um que deacalanto na alma. Mas, uma estorinha doce como esta sobre uma garotinha com dó do Menino Jesus que está só e com frio no presépio da Igreja e o leva para casa para aquecê-lo, tem tudo para ser uma história reconfortante, não é?  Muito bom!

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Modesta Mignon - Balzac

Livro: Modesta Mignon (in A comédia humana - vol 1)
Autor: Honoré de Balzac
Ano: 2013


Balzac é certamente um dos meus escritores favoritos. E qual não foi minha surpresa ao descobrir que toda A comédia humana foi incluída no index.  Então, veio a calhar a leitura de Modesta Mignon para o Fórum Literário organizado pela Gláucia este mês. 

Modesta Mignon tem ares de folhetim, e confesso que gosto mais do Balzac realista do que deste Balzac romântico. O romance (novela?) faz parte do volume 1 da Comédia Humana publicada pela Editora Azul.  E  a sua leitura me fez lembrar muito de Filomena Borges de Aluísio Azevedo, leitura também recente. Assim como Filomena, Modesta é uma leitora ávida que tem sua visão de mundo forjada a partir de suas leituras, como vemos na página 153:  Abatida com a morte da irmã Modesta se embrenhara em leituras contínuas, que quase a imbecilizavam. Esta imagem negativa das leitoras, parece ter estado muito em voga em determinado período do século XIX. Se não estou enganada encontramos isto em A abadia de Northanger, de Jane Austen, em Madame Bovary, de Flaubert, na Filomena Borges do Aluísio Azevedo...  

Assim como Filomena, Modesta tem seus sonhos de casamento baseados no mito do amor romântico, idealizado a partir de suas leituras constantes.  Gosto muito de livros que citam outros livros e autores,  mas  ainda que a  leitura deste fosse bastante agradável e até fluída senti falta do Balzac de O primo Pons e de O pai Goriot.  O texto me fez lembrar muito da novela (ou conto longo) O amor mascarado, onde a todo momento eu procurava sinais do Balzac a que estava acostumada e não encontrava, a diferença que não sofri para ler Modesta Mignon.  Contudo Encerro o mês de leituras de livros banidos  com a sensação de ter lido  apenas livros mornos, e de que este foi o mês mais difícil de escrever. 

Alguns grifos:

Por falta de trinta mil francos, às vezes se leva o diabo.  [96]  

Ah! Meus amigos, eu conheço bem a felicidade, tanto  quanto a desgraça... [111] 

Abatida com a morte da irmã Modesta se embrenhara em leituras contínuas, que quase a imbecilizavam. [153] 

Alimentara a alma com as obras-primas modernas das três literaturas, inglesa, alemã e francesa. Lord Byron, Goethe, Schiller, Walter Scott, Hugo, Lamartine, Crabbe, Moore, as grandes obras dos séculos xvii e xviii, a história e o teatro, o romance, desde Rabelais até Manon Lescaut, desde os Ensaios de Montaigne até Diderot, desde Fablioux até a Nova Heloísa; o pensamento de três países povoou de imagens confusas aquela cabeça sublime de fria ingenuidade. [153] 

Todas as grandes inteligências se adstringem a algum trabalho mecânico, a fim de se assenhorearem do pensamento. Spinoza polia os vidros dos óculos, Bayle contava as telhas dos telhados, Montesquieu se ocupava de jardinagem. Com o corpo assim domado, a alma abre as asas em plena segurança.  [173] 

Depois de haver esboçado a poesia é necessário dar aqui o perfil do poeta. [195] 

Mas também está provado que Virgílio, o poeta do amor, jamais amou uma Dido, e que Rousseau, o cidadão modelo, tinha orgulho bastante pra uma aristocracia inteira. Contudo Michelângelo e Rafael possuíam o feliz acordo do gênio e da forma do caráter. O talento nos homens é, pois, quanto ao moral o que a beleza é nas mulheres, uma promessa. 
Admiremos duplamente o homem no qual o coração e o caráter se igualem (...)  [211] 

Qual a realidade que jamais valeu o sonho? [230]  

Links sobre o index:
http://www.superinteressante.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1299:o-que-e-o-qindex-librorum-prohibitorumq&catid=12:artigos&Itemid=86

http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_autores_e_obras_inclu%C3%ADdas_no_Index_Librorum_Prohibitorum

À sombra do olmo - Anatole France

Livro: À sombra do olmo  
Autor:  Anatole France
Editora: Bestbolso
Páginas: 168

Comprei  À sombra do olmo em 2010 e o livro ficou entre os tantos empilhados na prateleira, até que por estes dias tentando dar uma nova disposição para os livros, retirei este da estante e li um pequeno trecho. E descubro que o Anatole France tem uma escrita afiada e mordaz,  de certo modo filosófica e repleta de análises (atuais?) sobre  política e religião. E chego a pensar: este cara deve ter dado um bocado de trabalho para o clero.
Comentando com a Fê  sobre as leituras em andamento, ela me deu uma boa notícia: o livro serviria para o Desafio de novembro: livros banidos.  Anatole France teve suas obras incluídas no “index” ´por questionar a igreja e a sociedade.   Muito bom saber disto! 
A leitura de À sombra do olmo não foi uma leitura difícil, mas também não foi uma leitura fluída, exigiu algumas interrupções em trechos que julguei cansativos, ainda assim concluo a leitura com uma série imensa de marcações e com o projeto de ler os outros três livros da série publicada pela Bestbolso. 

Grifos: 


“Por suas maneiras, ao mesmo tempo, obsequiosas e discretas, que deixavam tudo esperar sem nada temer.”
“Sem dúvida, existem bons sacerdotes, devotados e inteligentes. Quando o clero se restringe às suas atribuições”.
“A Bíblia estabeleceu a legitimidade da guerra, e o senhor sabe melhor que do que eu que Deus é chamado Sabaoth, ou seja, o Deus dos exércitos.”
“– Não é disso que se trata – disse o prefeito. – Ele está morto. Trata-se de substituí-lo.”
“O PREFEITO – Pois bem! Diga-lhe que é inadmissível que Santa Radegonda ressuscite com a finalidade de aborrecer os senadores, os deputados e o prefeito do departamento (...)”. [!]
“O pior defeito do regime atual é custar muito caro. Ele não cuida das aparências: não é faustoso. Não faz ostentação de mulheres ou cavalos. Mas, sob uma aparência de modéstia e um exterior singelo, ele é perdulário. Tem um excesso de parentes pobres. Amigos demais a prover. É esbanjador. O mais deplorável é que vive num país depauperado, cujas forças minguam e que não mais se enriquece.”

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A Jogadora de Xadrez - Bertina Henrichs




TítuloA Jogadora de Xadrez
Autora: Bertina Henrichs
Editora: Record
Páginas: 160


As leituras para este Desafio tem sido bem inusitadas se em outros meses houve uma busca, por vezes atroz, por vezes cansativa. Este foi um tema que levou a leituras absurdamente inesperadas para. Começou com O ano da leitura mágica de  Nina Sankovitch. Depois veio o Norte e Sul indicado pela Claire e agora este que me cai nas mãos sei lá como. 



Lembro de ter ficado encantada com a capa, de ter me intrigado com a sinpose. Mas, não consigo lembrar de onde foi que tirei a dica, infelizmente. Comprei o livro meses atrás e ficou na pilha, até que dias atrás após concluir Norte e Sul, veio a dúvida mais que conhecida de todo leitor:  e agora o que ler a seguir? Olhei nas prateleiras, queria um livro fininho e de fácil leitura e eis que escolho este A jogadora de xadrez. E que delícia de livro, uma narrativa gostosa, que te leva com ela. Em alguns momentos completamente inesperados peguei-me gargalhando com cenas absurdamente hilárias. E fui lendo devagarinho até que veio o pensamento não é que este livro fala de... superação? Então serve para o Desafio!  Afinal, o que é que a coitada da Eleni faz em todo o livro a não ser tentar superar a oposição  e as dificuldades impostas por toda uma vila para que ela apenas jogasse xadrez?  

Alguns grifos: 

"O que levava Panis a resmungar: 'um dia dia você ainda perde a cabeça'. Sem saber que já era um fato.

O livro ficara guardado no fundo de um armário e nunca tinha visto a luz do dia.

Nunca tinha ouvido falar de uma jogadora de xadrez. O talento para o tabuleiro parecia residir em algum lugar dentro dos testículos.

Se fosse corno, seria menos insuportável. O adultério era algo abjeto, mas pelo menos concebível. Uma traição amorosa, mesmo sendo inaceitável , podia ser nomeada. Havia um código de honra. Já este delírio zombeteiro o deixava impotente.

Você não vai se divorciar por causa de um tabuleiro de xadrez."

Norte e Sul - Elizabeth Gaskell

Título: Norte & Sul  
Autora: Elizabeth Gaskell 
Editora: Landmark
Páginas: 544


A primeira vez que ouvi falar de Norte & Sul da Elizabeth Gaskell foi num vídeo da Claire no YouTube (http://www.youtube.com/watch?v=RqB-fhD_iss), lembro de ter ficado curiosa e perguntado a ela se o livro tratava de economia e ela disse que certo modo sim. Só por isto já me ganhou. Corri para procurar o livro que comprei tempos depois. Não o li de pronto, mas quando resolvi pegá-lo para ler me encantei com a história de  Margareth e Mr. Thornton, embora confesse que no comecinho estava torcendo por Henry Lennox.  

Comecei a leitura do livro lembrando-me nitidamente da Jane Austen, mas depois o livro sempre me remetia à Margareth Mitchell e o seu E o vento levou. Confesso que o panorama econômico prendeu muito mais atenção durante boa parte do livro, do que os dramas pessoais e afetivos dos personagens principais.  Tanto que não havia percebido que o livro era todo sobre superação (tema do Desafio), pois fiquei completamente envolvida com os problemas sobre linhas de produção, as lutas sindicais, os contratos comerciais... mas, não se engane se isto não lhe interessa você pode apenas ler uma boa história de amor bem aos modos de Orgulho e Preconceito. 

Onde vi superação neste livro? Na Margareth que perde o lar, depois a mãe, em seguida o pai. Em Mr Thorton que perde tudo que tem, inclusive o amor,  por mais de uma vez. Em Higgins que perde a filha e perde o emprego. Em Bouchet que perde o emprego e a dignidade. Cada um a seu modo tentando superar as agruras da vida. 

Mais um para a galeria dos favoritos... RECOMENDADÍSSIMO!

Alguns grifos: 


Mr Hale, então trouxe todo o seu rosário de reclamações para desfiar na frente de Mr Thornton, para que ele, com sua experiência como patrão,  pudesse organizá-las e explicar sua origem.  – o que ele de fato fez  á luz dos princípios econômicos. Explicou que, da maneira que  negócio  era conduzido, sempre haveria um aumento seguido de uma retração da prosperidade (...)  
Algum dia no futuro – em algum milênio –na Utopia, essa unidade pode ser colocada em prática.  
Porque ele tem o seu trabalho para vender e eu tenho o capital para comprar.  [a síntese do capital?]
Pois se um vizinho não ajuda o outro, não sei quem o fará. [bons tempos aqueles, não?]
Então eu peguei o livro e carreguei com ele. Mas, deus me abençoe, foi um tal de capital e trabalho, e trabalho e capital. 
Vou precisar de um bocado de inteligência,  para resolver  onde meu negócio termina  e onde começa o seu. 

O ano da leitura mágica - Nina Sankovitch

Título: O ano da leitura mágica 
Autor: Nina Sankovitch
Editora: LeYa Brasil
Ano: 2011
Páginas: 232

Quem apaixonado por livros não se sentirá instigado por  um livro com o título O ano da leitura mágica? Eu fui pega por ele.  Depois de ler a sinopse, abandonei a ideia, pense numa  história que não me convenceu, foi esta. Tempos depois vi  (ouvi? Vai saber!) o livro citado em algum lugar, e releio a sinopse. Busco resenhas... continua não me convencendo.  Mas, o título não me sai da cabeça, compro o bendito.  Deixo na prateleira.  E um dia uns vídeos no YouTube falando de livros sobre livros (Claire Scorzi e O batom de Clarice) me fez pensar que fazia um bom tempo que não lia algo do gênero. E eis que pego  o bendito pra ler...  as primeiras páginas a leitura foi bastante lenta,  mas depois foi ganhando ritmo, foi me encantando a forma como a escritora entremeia os fatos narrados com os livros lidos. E aí o livro me ganhou. Queres uma desculpa para gastar com livros? Leia este. Você terá pelo menos 366 desculpas para.

Mas, você deve estar se perguntando porque eu o coloquei no mês da Histórias de superação, não é mesmo?   Se você leu o livro já sabe porque, senão a sinopse vai te ajudar a entender:


Sinopse:

Um desafio: ler um livro por dia durante um ano. Você aceita? Essa foi a promessa que Nina Sankovitch fez a si mesma. Após perder a irmã mais velha para o câncer, e embora precisasse cuidar dos quatro filhos e lidar com os percalços que fazem parte do cotidiano de uma grande família, Nina cria uma jornada para si mesma: ler um livro por dia durante um ano inteiro. Nesse verdadeiro sonho literário, nossa heroína descobrirá que o ano de leitura mágica mudará tudo ao seu redor e que os livros são uma ótima terapia. O ano da leitura mágica também conta a história da família Sankovitch: o pai de Nina, que escapou da morte por um triz na Bielo-Rússia durante a Segunda Guerra Mundial; os quatro ruidosos filhos, que lhe recomendavam livros ao mesmo tempo que a ajudavam a cozinhar e a limpar a casa; e Anne-Marie, sua irmã mais velha e inspiração, com quem Nina compartilhou os prazeres da leitura, mesmo em seus últimos momentos de vida. (http://www.skoob.com.br/livro/189606)

Termino a leitura com uma série de grifos:
Mas e se eu não gostasse do livro? E se eu o odiasse? Nos últimos meses, houve um ou outro livro, por mim escolhido, que eu começara, mas cuja leitura interrompi porque havia ficado claro para mim que eu não gostara do livro e que ele não melhoraria se eu avançasse a leitura. Com livros dados por amigos, eu não tinha escapatória. O livro era um presente e os presentes devem ser lidos. É uma das regras da amizade. E todos os livros lidos tinham de ser resenhados: era uma regra do meu ano de leituras. Eis, portanto, meu dilema. Eu não podia julgar o livro presenteado com umas poucas palavras, “Interessante” ou “Adorei o cenário”. Eu tinha de escrever uma resenha completa e verdadeira. As pessoas compartilham os livros que amam. Elas querem espalhar para os amigos e familiares a sensação boa que sentiram ao ler o livro ou as ideias que encontraram nas páginas deles. Ao compartilhar um livro amado, um leitor está tentando compartilhar o mesmo entusiasmo, prazer, medo e ansiedade que experimentou ao ler.  Só percebi três anos mais tarde, lendo O vendedor de passados, de José Eduardo Agualusa, a importância de compartilhar as memórias. E o perigo de não compartilhá-las.
Você já ficou arrasado ao terminar um livro? Algum escritor já continuou sussurrando em seu ouvido muito depois de você ter virado a última página?
"Não há fragata como um livro,/ Para nos levar para longe", escreveu Emily Dickinson. Os livros eram a fragata para onde quer que eu quisesse ir. O homem mais velho grita: “Mas você não pode nem mesmo conversar sobre livros com ele!”. Ela responde com desdém: “Leio livros, mas não preciso conversar sobre eles”. Um livro não é apenas um amigo, ele faz amigos para você. Quando você possui um livro com toda a força da sua mente e espírito, você se aprimora. Mas quando você passa o livro adiante, se aprimora três vezes mais”. Eu faria amigos aceitando e dando livros e não os perderia. Se eu fosse incapaz de suportar a perda de um livro, principalmente um no qual eu escrevera anotações nas margens e nas últimas páginas, eu comprava outro exemplar e o emprestava.
O livro começa com a frase: “No dia seguinte, ninguém morreu”. E logo me vi num país onde ninguém morre. Parecia bom para mim. (sobre As intermitências da morte – Saramago – este tem na biblioteca graças a Deus )

Ufa!  Chega de grifos, não? Se você gostou certamente irá ler tudo isto no livro (rs). Um desafio: ler um livro por dia durante um ano. Você aceita? Você consegue?  Essa foi a promessa que Nina Sankovitch fez.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

À espera de Moby Dick - Nuno Amado

                         
     

Título: À espera de Moby Dick 
Autor: Nuno Amado
Edição: Oficina do Livro
Páginas: 248


Quando resolvi participar do Desafio Literário 2013 o tema Autores portugueses contemporâneos foi o  que causou-me inquietação, mas já disse quando comentei sobre O clube das encalhadas.  Não havia nada na pilha exceto um Evangelho segundo Jesus Cristo de Saramago, que sabe Deus onde foi parar. Não consigo encontrar o bendito.  Mas, sinceramente não estava em meus planos ler Saramago, Hugo Mãe, Peixoto e companhia. Nada contra nenhum destes, simples não era o que eu queria.

E eis que conheço o mundo dos vlogs, que eu nem sabia que existia. Fiquei maravilhada ao descobrir tantos vídeos sobre livros, leitura e literatura. Até que eu encontrei um canal de uma portuguesa a Claúdia . Então pensei, quem melhor para indicar-me um livro de autor português contemporâneo? Mandei um email para ela que muito gentilmente respondeu no mesmo dia, com mais de uma sugestão, a primeira delas este À espera de Moby Dick, um romance epistolar (que por vezes parece tratar-se de um livro de memórias), com uma narrativa deliciosa e recheado de citações sobre outros livros e até uma passagem pela Shakespeare and Company. 
Depois assisti ao vídeo da Inês sobre o livro, também escrevi para ela, que também foi muito gentil em sua resposta. 

O livro é de uma delicadeza indescritível, um narrativa epistolar, e Nuno Amado consegue envolver-nos na completamente na história. E o final para mim foi completamente inesperado. Gostei muito, obrigada meninas.

Se quiser ver os vídeos os links de ambos encontram-se logo a seguir, elas falam sobre o livro com muito mais propriedade do que eu.  O que eu recomendo porque ambos são muito bons.
À Espera de Moby Dick de Nuno Amado   (Vídeo da Cláudia)

Nuno Amado - À Espera de Moby Dick (Vídeo da Inês)

Alguns dos livros citados em À espera de Moby Dick: 
A ilha do tesouro
Anna Karenina
Robinson Crusoé
Moby Dick, evidentemente...
Contos de Borges
O grande Gatsby
A insustentável leveza do ser

Alguns grifos:
"Querido melhor amigo. Não me vou matar."
"No escritório existe uma estante com livro e uma estante de veludo verde gasto. É inegável que nela se passaram muitas horas de leitura."
"Em anexo segue uma lista de livros que te peço para me enviares. Alguns serão difíceis de localizar, por isso vai-os enviando à medida que os conseguires adquirir."
"Será que os seus críticos se esqueceram de que, apesar de eles estarem sempre a reler e nunca a ler, é também necessário ler um livro pela primeira vez? E que esta leitura deve ser, idealmente, realizada de modo virginal, livre de contextualizações, comentários biográficos e interpretações psicanalíticas, sócio-históricas ou disparates afins."
"Querido amigo,
Que todos os deuses te abençoem! Que Jesus te lave os pés, Allah te agracie, Buda medite por ti e Shiva te abrace com todos os seus braços. Que todas as divindades e santos te tenham em consideração e velem por ti. Nada menos mereces... Os livros chegaram são e salvos. Já os arrumei junto dos outros que aqui estavam. Ainda não decidi qual irei ler primeiro. Vou saltitando de um para o outro, cheirando, folheando, lendo passagens aleatórias, segurando as folhas entre os dedos, sentindo a textura do papel. Gracias."
"Apesar de ter sido Moby Dick que me trouxe aqui, veja a minha vida como sendo mais semelhante à do Robinson Crusoé. "
"Mas não há Freud que me acuda."
"O ser humano é veloz em criar ilusões e lento a lidar com o seu fim."





quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O clube das encalhadas - Catarina Fonseca




Título: O clube das encalhadas
Autora: Catarina Fonseca
Editora: Caminho 
Páginas: 344

Quando vi no Desafio o tema autores portugueses contemporâneos, meu primeiro pensamento foi: Ai! Meu Deus! E depois de busca daqui, procura de lá, cheguei à triste conclusão que terei que ficar com o Saramago. Nada contra o autor, mas odeio a obviedade nas minhas leituras. Adoro descobrir livros esquecidos ou não "descobridos"  por outros leitores [eu sei, eu sei,  eu deveria dizer descobertos, mas não resisti a uma rima tosca]. Bem voltemos aos portugueses contemporâneos, e depois de pedir dicas, sugestões, eis que me aparece este O clube das encalhadas escrito por Catarina Fonseca. E penso eu: ufa! encontrei alguma coisa leve e divertida! Uhuuu!!!

Pois então, o livro é realmente leve e tem diversas passagens que achei muito engraçadas. O clube é formado por Ana Sofia (que canta na banda Hades Querer e Não Hades Poder), Barbie, Joca (o conde que sede o ap. para os encontros do Clube), a Nance e talvez tenha mais alguém. Mas, não lembro...  Ah! em a Odile!

Mas, a leitura não rola. Na verdade sinto-me conversando com uma bêbada, que fala o tempo todo e durante este tempo pula de um assunto pra outro de modo absurdamente aleatório. Ainda assim, posso afirmar o livro é bem divertido. Embora tenha absoluta certeza de que não lembrarei de coisa alguma daqui a seis meses. ;-)

Como a moderação disse que poderíamos ler o livro a qualquer  tempos a leitura deste começou lá por março quando estava em férias e pelo andar da carruagem vou chegar ao mês de postar a resenha sem ter concluído a leitura deste bendito livro, já estamos no início de agosto....  Bem a leitura foi concluída quase no final do mês de agosto.  E pode ter certeza este é um romance pimba!

Alguns grifos: 

Está muito calor para filosofias, especialmente as semânticas. [24.03.2013]

Eu não acredito que estou a citar o Harry Potter e não lembro nada de Shakespeare. [26.03.2013]

Tem um ar fofo, odeio essa palavra fofo, principalmente quando aplicada a seres com alma e honra. [26.03.2013]

Não dá. Patronato e sindicalista estão bem é separados, pelo menos enquanto dura o expediente. [26.03.2013]


depressão afeta-me sempre o disco rígido.  [01.04.2013]

É gay? - Pior, é amigo. [01.04.2013]

onde se lê Shakespeare e Homero e Asterix com os pés sobre o Destino,  a Dor e a Desgraça.  [21.04.2013]


Às vezes não conseguimos viver com a pessoa a quem mais amamos. Às vezes o próprio amor exclui a realidade.
E às vezes - diz a Ana Sofia - a realidade exclui o amor.  [10.07.2013]

Nós não somos velozes. Somos lentas como nuvens. A Sherazade levou 1001 noites para seduzir o sultão. [03.08.2013]


 Não podes acabar assim o teu romance pimba. [ 25.08.2013]

sábado, 10 de agosto de 2013

Hamlet - Shakespeare




Título: Hamlet
Autor: William Shakespeare
Editora: L&PM 
Páginas: 198
Início: 29.01.2013 - Fim: 02.02.2013


Dando seguimento em mais um título para o Desafio Literário 2013 chego a Shakespeare, no livro escolhido para o mês de agosto, com o tema Vingança. Tá certo, ainda é janeiro, ou melhor é fevereiro e eu deveria estar lendo o livro para rir do mês da alegria e da folia, mas quem se importa? Além do que sou estressada, prazos e metas me tiram do eixo, convivo com isto todos os dias no trabalho, então vamos garantir logo este aqui.

Até agora os livros lidos ou são da pilha, ou são de biblioteca, não comprei nenhum para o Desafio... (será?) :-)

As resenhas que li falam das diversas óticas que o livro de Shakespeare pode ser analisado, como não é meu interesse analisar coisa alguma, mas sim ler e me divertir pelo caminho, e talvez aqui e ali fazer algumas reflexões. Coloco aqui alguns pensamentos aleatórios que o livro do bardo trazem-me à mente. Perdoem-me os ortodoxos que acham que toda leitura deve ter uma finalidade e ser analisada neste ou naquele contexto. O que me faz pensar em Saul Bellow em Tudo faz sentido um dos meus livros favoritos: Para a maior parte dos professores de inglês, um romance pode ser um objeto do mais elevado valor  cultural. Suas, ideias, sua estrutura simbólica, sua posição na história do romantismo, realismo ou modernismo, sua alta relevância requerem um estudo dedicado. Mas, o que eles querem é o momento vivo; querem homens e mulheres vivos e um mundo a seu redor. O ensino de literatura tem sido um desastre. (...) O romance acabou sendo substituído por aquilo que os 'instruídos' podem dizer sobre o romance. Alguns professores acham os discursos instruídos desses tipo muito muito mais interessantes do que os romances. [100]
Como Vingança não seria um assunto que escolheria para ler no momento, de cara pensei que não gostaria de nenhum livro com este tema, eis mais um motivo para adiantar a leitura. Mas, como Shakespeare sempre "me" é atraente, se é que posso usar esta palavra neste contexto, então melhor ir de Shakespeare e garantir a meta do mês. Os diálogos em Shakespeare são magistrais, e cada vez que leio um livro dele recordo-me de A comédia dos erros, em que nada nem ninguém é o que parece. Em Hamlet, este não é o tema principal, mas será que mais uma vez  as aparências enganam? Estou ainda na metade do livro e não dá pra falar muito, outras reflexões (pensamentos aleatórios?) vão surgir, certamente. 


Pensamentos aleatório 1:

Hoje é dois de fevereiro, dia de Iemanjá e eu devo ser muito esquisita mesmo, para não estar no Rio Vermelho, na festa da rainha das águas e sim sentada na cama escrevendo sobre Shakespeare. :p

Mais pensamentos aleatórios:

Vingança... o livro é cheio de sede de:
Hamlet quer vingar a morte do pai...
Laertes a morte de Polônio (pai deste), morto (acidentalmente?) por Hamlet...


Medo e culpa:
O rei:
Medo de ser descoberto, então melhor eliminar Hamlet?
Culpa por ter matado o irmão.

A rainha:

Medo de ser descoberta.
Culpa por ter casado com o irmão do marido morto pelo marido vivo..

Ato V, Cena I
Boas risadas aqui.



Grifos:





"Ajusta o gesto à palavra, a palavra ao gesto, com o cuidado de não perder a simplicidade natural.  [95]

"Ser ou não ser - eis a questão" [88]

"Há muitas coisas no céu e na terra, Horácio." [50]

"Pois todo homem, a todo momento, 
tem uma ocupação e uma vontade, seja esta ou aquela - 
E eu, por meu lado, meu pobre lado
Sabem o que?, eu vou rezar" [48] (muito bom!)

"E trata de guardar estes poucos preceitos: 
Não dá voz ao que pensares, nem transforma em ação um pensamento tolo.
Amistoso, sim, jamais vulgar.
Os amigos que tenhas, já postos à prova,
Prende-os na tua alma com grampos de aço; 
Mas, não caleja a mão festejando qualquer galinho implume
Mal saído do ovo. Procura não entrar em nenhuma briga;
Mas, entrando encurrala o medo no inimigo.
Presta ouvido a muitos, tua voz a poucos. 
Acolhe a opinião de todos - mas você decide. 
Usa roupas tão caras quanto tua bolsa permitir. 
Mas, nada de extravagâncias, ricas, mas não pomposas. 
O hábito revela o homem, 
E, na França, as pessoas de poder ou posição 
Se mostram distintas e generosas pelas roupas que vestem. 
Não empreste nem peça emprestado: 
Quem empresta perde o amigo e o dinheiro.
Quem pede emprestado já perdeu o controle de sua economia, 
E sobretudo, isto: sê fiel a ti mesmo. 
E tão certo quanto a noite segue o dia
Jamais serás falso para ninguém. [34]
"

"Hamlet para Bernardo: 
- Mas, vamos lá que faz longe de Wittenberg? 
Horácio
Minha inclinação à vadiagem, acho." [25]

"É melhor não pensar! Fragilidade, teu nome é mulher!" [24]

"- Quem está aí? Horácio? - Só um pedaço dele. O resto ainda dorme." [11]

domingo, 14 de julho de 2013

Dália Azul - Nora Roberts



Título: Dália Azul (Trilogia das Flores - Vol 1)
Autor: Nora Roberts
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 378

Já li muito de Nora Roberts. Gostei muito de alguns de outros nem tanto. Sempre pensei em seus livros como livros de leitura rápida e sobretudo envolvente. Há muito que não comprava ou lia nada da autora, ou o contrário. Os últimos livros publicados não me agradaram muito, então pensei melhor seria dar um tempo. Mas, suas trilogias sempre me agradaram encantaram e quando surgiu esta, não resisti, comprei o primeiro volume: este Dália Azul. E guardei para quando precisasse de uma leitura descomprometida. Com um título deste e uma capa bem atraente, só poderia esperar por bons momentos.

Aí veio o Desafio e guardei o livro para ele. Não foi a leitura mais empolgante do mundo, nem a mais acolhedora, foi uma leitura arrastada e por vezes tediosa. Houveram alguns bons momentos, quase sempre os há, mas a história em si não me convenceu. Paradoxalmente  fiquei curiosa para saber como se desenrolará a história de Roz no segundo volume. Porque o que vai acontecer no final da história todo mundo já sabe. ;-)

Alguns grifos:

Se uma pessoa soubesse tudo, nunca seria surpreendida.

Como algo que era tão desejado, tão excitante e tão divertido na adolescência, tão natural e tão fácil aos vinte anos, se tornara uma coisa tão complicada e frequentemente irritante aos trinta?

Tinha amigos de quem gostava e conhecidos que tolerava.

domingo, 7 de julho de 2013

Chapeuzinho vermelho e o lobo guará - Ângelo Machado

TítuloChapeuzinho Vermelho e o lobo-guará
AutorÂngelo Machado
Editora: Melhoramentos
Páginas: 56

Vou começar contando como este livro veio parar em minhas mãos. Entrei portal da biblioteca e fui colocando os nomes das cores na busca para pesquisar sugestões para o tema do mês: cor ou cores no título. E coloquei diversas cores. E eis que surge este Chapeuzinho Vermelho e o lobo-guará. Tenho na pilha Dália Azullivro que comprei para presentear D. Lourdinha uma vizinha maravilhosa e que é apaixonada por Nora Roberts. O livro que seria ofertado no Natal de 2012, acabou ficando por aqui, já que ela estava com muitos livros da autora por ler. Acabei presenteando-a com Mil dias em Venezatomara que ela tenha gostado.


Bem, eu não estava muito a fim de ler Nora Roberts e sai em busca de novas sugestões e deparei com este Lobo-guará. O livro é muito interessante. É uma releitura do conto clássico e que já foi lido, estudado, reestudado, avaliado, etc. inclusive pela psicanálise, e esta é uma versão deveras divertida.

Chapeuzinho é um doce menina, não muito corajosa e até tenta seguir pelo caminho indicado pela mãe, que segundo Rubem Alves em Ostra feliz não pérola, na versão original é uma tonta que joga a filha na floresta.

O lobo-guará é vegetariano e é covarde. Sem mencionar que é um animal em extinção.

O caçador é o herói? Ah! aqui a estória é completamente outra.

Narrativa deliciosa e extremamente divertida. Adorei. Lido literalmente numa sentada à caminho do trabalho.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A indesejada aposentadoria - Josué Montello


TítuloA indesejada aposentadoria
AutorJosué Montello
Edição Comemorativa: Aché
Páginas144

Quando comecei a ler A indesejada aposentadoria de Josué Montello, não sabia bem o que esperar. A escolha deste livro  neste momento foi instigada pela recente leitura de Memorial de Aires, livro também lido por conta do Desafio Literário.
O livro já estava na pilha, então como gosto muito, do pouco que li do autor até agora  não seria sacrifício nenhum. Qual não foi a minha surpresa ao descobrir tratar-se de um livro que poderia servir ao tema de Junho!!!...

Memorial de Aires assim como este tratam do envelhecer. Raramente pensamos nisto quando jovens, mas quando envelhecemos de um modo ou de outro nos apegamos a nossos hábitos e maneirismos, apegamo-nos até mesmo a lugares e à forma de ver e viver a vida, o que dizer então de uma pessoa que durante trinta e cinco anos esteve no serviço público, sem uma falta, sem uma licença, sem uma entrada tarde, e ainda por cima com as férias obrigatórias gozadas na própria repartição (página 15 e várias outras no decorrer da história). Como se orgulha o próprio Guilhermino?

Percorrer as páginas do livro na companhia de Guilhermino foi vivenciar junto com ele o que é ter e perder a própria identidade e se ver de uma hora para outra sem rumo e sem objetivo. Infelizmente Gulhermino não conheceu Doménico De Masi, para usufruir de Ócio Criativo e para ele só existe uma única opção viver e trabalhar no Departamento de Águas até a morte. Como fica claro nas palavras de seu compadre o Inocêncio: "Todo trabalho já lhe disse uma vez, aqui mesmo na sua casa, é um hábito; quando envelhece com seu hábito, não pode ficar de uma hora para outra, sem fazer nada, de papo para o ar. (...) Na minha loja, o freguês que mais resmunga, é o que envelhece sem ter mais o que fazer. Dá para escrever cartas aos jornais, e é sempre do contra, vota invariavelmente com a oposição, acha que tudo está errado, e graças a Deus não dura muito. (pagina 112)

O que terá feito para para merecer este castigo? Pergunta-se Guilhermino na página 99. Eu também não sei, o que sei é que termino o livro com lágrimas nos olhos emocionada com a sua história de Guilhermino.


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Memorial de Aires - Machado de Assis


Título: Memorial de Aires
Autor: Machado de Assis 
Editora: Edigraf
Páginas: 170
 



A escolha por Memorial de Aires para o tema Romance Psicológico revelou-se uma grata surpresa, como se costuma dizer, um texto espirituoso, com um pouco da história da época, já que foi escrito em 1888, ano da abolição, assunto que se faz presente aqui e ali, neste diário do Conselheiro Aires.


Com um texto que impôs o seu próprio ritmo, lido em pequenas doses que levavam a períodos de pausa e contemplação durante toda a leitura, foi para mim um jeito novo de ler, uma leitura sem pressa, mas sem interrupções. Nunca é demais dizer que o texto não é o que eu esperava, apesar de nem saber ao certo que esperava. 
A memórias escritas pelo conselheiro Aires muitas vezes parece ser a vida do casal Aguiar e de seus filhos de empréstimo(como ele costuma falar no decorrer da estória), mas o que é a vida de todos nós senão a vida de outros num emaranhado que não se sabe onde uma começa e outra acaba? E assim, narrando fatos da vida de seus amigos, Aires vai narrando a sua própria. Uma das resenhas que li fala que o Conselheiro Aires narra a vida de outros e não tece opinião, não concordo, os comentários que faz em todo o texto traduz claramente a opinião dele sobre o que acontece com àqueles à sua volta.

A escritura de Machado me faz lembrar de Adinoel Motta, que disse recentemente durante o encontro com Hélio Pólvora no Gabinete Português de Leitura, que só as palavras são capazes de criar representações tão perfeitas, imagem nenhuma é capaz de tecer tantos detalhes. 


Evidentemente que o livro de Machado me leva a pensar em outras leituras possíveis e já penso em ler Esaú e Jacó, já que o Conselheiro Aires também aparece nele, e já está na pilha. Fez-me pensar em ler As velhas, de Adonias Filho, livro que circula lá na comun do Orkut. E quem sabe Senilidade, de Italo Svevo (
que descobri fuçando a estante da Márcia lá no Skoob),  ou talvez  A indesejada aposentadoria, de Josué Montello? Talvez este último seja o que mais se aproxime das memórias do Conselheiro Aires...e já está na pilha também.

Um romance saudosista e que talvez os muito jovens não compreendam, afinal saudades de que? 


Os muitos grifos

"D. Carmo ia começar o crochê quando Fidélia lhe apareceu, e quis acompanhá-la. Consentiu para não sair trabalho de velha." [esqueci de anotar o nº da página]

"No caixão do defunto mandou guardar um molho dos seus cabelos, então pretos, enquanto os mais deles ficaram a embranquecer."  [16]

"Eu, lembrando-me de Goethe, disse-lhe:
- Mana você as querer fazer comigo a aposta de Deus e Mefistófeles; não conhece?" [19]


"Não há nada mais tenaz que um bom ódio." [39]


Você repara que tudo naquela senhora é bom, até a opinião, que nem sempre é justa, porque ela perdoa e desculpa a todos. Eu não sou assim; acho muita gente má, e se for preciso dizê-lo, digo." [60]


"Era negócio dos barbeiros e dos farmacêuticos, creio; a sangria é que era só dos barbeiros. Também se já não sangra pessoa nenhuma. Costumes e instituições, tudo perece." [68]


"A reconciliação eterna, entre dois adversários eleitorais, devia ser exatamente um castigo infinito.Não conheço igual na Divina Comédia Deus, quando quer ser Dante, é maior que Dante.Recuei a tempo e calei a facécia; era rir da tristeza da moça." [69]


"Verdade é que então já não citava eu o verso de Shelley, ma uma coisa é citar versos, outra é crer neles." [74]


"A gente não esquece nunca a terra em que nasceu." [75]


"Velhice quer descanso. [77]

Se eu não tivesse os olhos adoentados dava-me a compor outro Eclesiastes, à moderna, posto nada dever moderno naquele livro." [77]


"Quando eu era moço e andava pela Europa ouvi dizer de certa cantora que era um elefante que engolira um rouxinol." [93] (este trecho foi usado Rubem Braga na crônica )


"Eu tenho a mulher embaixo do chão de Viena, e nenhum dos meus filhos saiu do berço do Nada. Estou só, totalmente só"  [97]


"Entendam lá as mulheres! Tanta necessidade ir à fazenda e já. Campos alcança uma licença de alguns dias, Tristão apronta a mala, e tudo feito, cessa a necessidade de partir". [101]


"A maledicência não é tão mau costume como parece. Um espírito vadio ou vazio encontra nela útil emprego." [114]


"-(...); mas tudo pode acontecer neste mundo. - Neste mundo e no outro." [126]


"Os velhos não são a causa verdadeira, mas não há só filhos de empréstimo, há também causas de empréstimo." [127]


"Não há como a paixão do amor para fazer original o que é comum, e novo o que morre de velho." [149]