sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A festa - Katherine Mansfiled

Título: A festa 
Autor: Katherine Mansfield 
Editora: Raven
Páginas: 145
Início: 05.01.2013 - Fim: 14.01.2013

Ganhei este livro de uma amiga lá em 2004, e agora eis que resolvo tirá-lo da pilha. A primeira surpresa encontro  na contra-capa quando descubro  que Virginia Woolf  admitia sentir ciúmes de Katherine Mansfield. As surpresas não param aí, os contos desta coletânea são suaves e prosaicos, lembram mesmo Uma xícara de chá com biscoitos, talvez por isto começo a leitura lembrando de Jane Austen, mais precisamente  do livro Emma. E concluo   com a sensação de estar revisitando Barbara Pym, mas a Barbara Pym mais melancólica, não aquela sutilmente irônica.


Li os dois primeiros contos, A festa e Uma xícara de chá,  e em seguida passei para o último: Prelúdio. O maior conto desta coletânea, quase uma novela. E termino a leitura com uma sensação melancólica e sentindo-me um tanto ou quanto triste. Eu diria que foi uma leitura cálida e sútil  sobre o cotidiano com suas idiossincrasias,  alegrias, melancolias e amenidades. Aparentemente sua obra encontra-se esgotada no Brasil.


Contos desta coletânea:

- A festa
- Uma xícara de chá
- O desconhecido
- A vida de mãe Parker 
- Srta Brill
- Prelúdio

Grifos:


'Não, impossível. Imagine, bombas logo depois café da manhã. Só de pensar, já dá arrepios. ... Contudo, dois minutos mais tarde Josie e Laura lambiam os dedos, com aquele ar de concentração interior que só creme de chantilly é capaz de provocar. [20]


Ah, meu Deus, sinto muito disse o homem de letras abalado. Estava no meio de seu café da manhã. Vestia um roupão bem surrado e trazia um jornal dobrado numa das mãos. Ficou sem graça; não poderia voltar à confortável sala de estar sem dizer alguma coisa - alguma coisa mais. Então já que aquele tipo de gente dá tanta importância a funerais, ele comentou com gentileza.  'Espero que tenha corrido tudo bem com o funeral.'

'Desculpe, doutor, o que foi que o senhor disse'? perguntou Mãe Parker com voz rouca.
Pobre pássaro velho! Ela parecia mesmo arrasada. 'Espero que o enterro tenha sido um... um... sucesso'. "(?) [63]

"por outro lado , conforme ele explicava aos amigos, seu 'método' era muito simples, e ele não conseguia compreender porque as pessoas faziam tanta bulha a respeito das tarefas domésticas.

'Você simplesmente suja tudo o que for usando, contra uma bruxa para fazer a faxina e assim fica tudo resolvido'." (?)  [65]

Ela estava sempre se perdendo ou perdendo as outras pessoas só para depois encontrá-las de novo. [100]


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O largo da Palma - Adonias Filho



Título: O Largo da Palma
Autor: Adonias Filho
Editora: Bertrand
Páginas: 110
Início: 07.01.2013 - Fim: 11.01.2013


A edição que leio é da Bertrand, que carece de uma apresentação e de algumas informações, como por exemplo, a data em que os textos foram escritos ou publicados pela primeira vez...


Bendito Google, descobri que o livro é de 1981. 
Para saber mais sobre o autor visite: Memorial Adonias Filho


Nos últimos meses tenho lido livros que foram uma verdadeira descoberta, e porque não dizer uma grata surpresa: O homem que sabia a hora de morrer, de Adelice Souza; A mulher de roxo, de Patrícia Sá Moura e Dadá, bordando o cangaço, de Lia Katz. Todos eles de alguma forma trazem como cenário a terra em que vivo. O que dá um sentimento de pertencimento, de identificação que até então eu não tinha sentido ao ler um livro. Então quando me falaram deste O largo da Palma, de Adonias Filho, interessei-me logo. As resenhas que li foram em sua maioria positivas. 


Já li as duas primeiras narrativas (são seis) e não encontro neste O Largo da Palma os sentimentos dos livros anteriores  e confesso que não tem me prendido muito e poderia até dizer que a leitura se arrasta. Em dado momento relembro de alguns textos lidos na escola. Mas, uma coisa chama-me a atenção como o nosso olhar fica contaminado pelas crenças e valores da contemporaneidade, do nosso mundo líquido, como diria Bauman. 



Tomara que mude. [07.01.2013]


E mudou. [08.01.2013]

Aparentemente A moça dos pãezinhos de queijo é o conto que mais prende a atenção do leitor deste O Largo da Palma, não foi o meu caso. Um avô muito velho me impressionou mais, assim como os contos Os enforcados e A pedra.

A casa do pãezinhos de queijo aparece em vários contos, e fico a pensar, no nosso pãozinho de queijo, hoje conhecido como pão delícia, diferentemente do pãozinho de queijo mineiro, feito com polvilho, o nosso é feito com farinha de trigo, é macio e fofinho com um recheio cremoso a base de queijo, e é uma delícia.


Incrível como tão pouca gente conhece O Largo da Palma, perguntei a vários amigos e quase ninguém esteve lá e olha que faz parte do centro histórico da cidade...  aliás, eu também preciso acabar com esta lacuna em meu currículo. 

Alguns dos grifos:  


 'E, se a avó o tratava com enorme carinho, o pai não ocultava a decepção de ter um filho, quando inválido, praticamente inútil.' [18] 


'o namorado, porém era ele, o avô'. [53] 


'juntos saíram do circo, comeram pipoca, beberam água de coco' [61] (em tempos modernos passariam no Mac ou na Doces Sonhos e tomariam cerveja ou coca cola depois de saírem do cinema, quase ninguém mais vai no circo)



'A cidade parece triste.
- A Bahia nunca foi alegre - Valentim, abaixando a voz, disse por sua vez.  - Uma cidade com escravos é sempre triste. É muito triste mesmo.  ' [92] 

'E, única vez em toda sua vida, agradeceu à Santa da Palma ter ficado cego' [97]


'Vendeu a joia a Salviano, cometa de uma casa da Capital, depois de um acerta-acerta brabo. Fechado o negócio, logo cometa engavetou o brilhante, com o dinheiro no bolso, Cícero Amaro tratou de fazer o que um homem faria. Entrou no primeiro botequim que encontrou e, começando a gastar a prata (...) [104]


'Amor tão violento, porém, durou por aí uns sete dias. No primeiro dia, Flor pediu uma pulseira de ouro. No segundo, Flor nada pediu. No terceiro, Flor pediu os brincos e cinco contos de réis. No quarto, sem que pedisse Flor ganhou três belos vestidos de seda. No quinto, Flor pediu o anel. No sexto - bem, no sexto dia o seu mundo já criado -e, e quando pediu mais cinco contos de réis, Flor descobriu que ele quase já não tinha dinheiro. Então, com seriedade e grosseria, Flor disse:

- Agora, seu besta, dê o fora!
- Mas Flor! '[108]


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Agenda, Meta, ou o que?

Resolvi participar do Desafio Literário 2013 mais como um desafio pessoal, do que por espírito competitivo; aliás mais de um:

  1. O primeiro deles é uma tentativa de reduzir a imensa pilha que me espera.
  2. O segundo ler livros que normalmente não leria naquele período;
  3. E escrever sobre o que leio, eu que adoro falar sobre livros, raramente escrevo sobre os livros que leio, por acanhamento ou por falta de hábito, sei lá. 

Mas eis que li sobre o Desafio e aqui estou, na tentativa de chegar ao final de 2013 com pelo menos um livro sobre cada tema.  Certamente o que vou postar aqui não será de modo algum 'resenhas', mas sim o que costumo chamar de pensamentos aleatórios e alguns (ou muitos) grifos.

A lista que criei foi basicamente com o que já tenho na pilha ou que posso encontrar em bibliotecas que frequento, afinal o objetivo é reduzir a pilha e não aumentá-la(rs).

Ao longo dos doze meses alguns títulos podem entrar e outros podem sair da lista, vai saber? Segundo a moderação posso ler o livro em qualquer data, mas não posso postar comentários, ou eles classificarão como releitura. Talvez eu adiante a leitura dos títulos que considere mais áridos ou menos atrativos naquele período.

Então vamos à lista:

Janeiro - Tema Livre 
* Feliz por nada – Martha Medeiros (lido)
* A festa - Katherine Mansfield (lido)
* Largo da Palma - Adonias Filho (lido)

Fevereiro - Livros que nos façam rir
* As batalhas do Pequeno Nicolau  - Goscinny

Março - Animais protagonistas
* Quincas Borba – Machado de Assis
* O gato malhado e a andorinha sinhá – Jorge Amado (algumas tentativas frustadas, mas não consegui sair da primeira página)

Abril - Uma ou mais das quatro estações no título
* Sonhos de uma noite de verão – Shakespeare (pode ser o tema de fevereiro, já que uma comédia)
* Um certo verão na Sicília – Marlena de Biasi

Maio – livro citado em filme
* Como gostais – Shakespeare (citado em Nunca fui beijada)
* O mágico de Oz (Coração de Tinta)
* Walden – (Na natureza selvagem)
* Amor nos tempos do cólera  (Escrito nas Estrelas) (?)(na pilha desde o século passado)  

Junho - Romance Psicológico
* Mrs. Dalloway – Virginia Woolf
* Memorial de Aires - Machado
* O falecido Mattia Pascal - Luigi Pirandello

Julho - Cor ou cores no título
* Dália azul – Nora Roberts

Agosto - Vingança (um tema árido?)  
* Hamlet – Shakespeare
* A prima Bete – Balzac
* Vingança em Veneza – Boccaccio 


Setembro - Autores Portugueses Contemporâneos
* O evangelho segundo Jesus Cristo – Saramago


Outubro - Histórias de superação
* O tempo entre costuras – (vi em algum lugar que é uma história de superação.
* Julie & Julia – Julie Powell
* Jó - Joseph Roth

Novembro - Livros que foram banidos
* Candido – Voltaire  (dizem que também é divertido)

Dezembro - Natal
* O homem que inventou o Natal  - Les Standiford
* Contos de Natal - Vários autores




feliz por nada – Martha Medeiros



Título: feliz por nada
Autor: Matha Medeiros
Editora: L&PM
Páginas: 216
Início: 02.01.2013 - Fim 06.01.2013

Mantendo minha promessa de ler os livros que me foram presenteados e que aguardam na pilha há muito ou pouco tempo, agora estou às voltas com Martha Medeiros, que ganhei de presente de minha amiga Lilia (presente de aniversário que me chega inesperado em um dia comum de trabalho, não é todo dia que um amigo me aparece com um livro na mão...).
E eis que começa minha primeira experiência com os escritos da autora. Descubro que o livro é catalogado como crônicas, mas eu que venho de uma escola onde crônica era aquilo que Rubem Braga fazia, sinto um certo estranhamento com este jeito moderno de fazê-las (o que me leva a reler trechos de 200 crônicas escolhidas...) 
Mas, “vamo que vamo”. Eu diria que estou lendo algo tipo auto-ajuda, o que não é exatamente o meu estilo, mas nem por isto vou torcer o bico para o livro. Vou caminhando página à página, crônica à crônica e me divertindo pelo caminho. Cheguei mesmo a rir com a “A era do compacto”, que quem já leu o livro sabe que não é pó facial. 

Evidentemente, gosto mais de uns textos (quer dizer crônicas) do que de outros. Chamam a minha atenção:
O último a lembrar de nós
A Jenniffer Moyer  (me faz pensar em quantas vezes homenageamos aqueles que significam muito para nós)

E se tivesse sido diferente
Viajandões - (não é exatamente que goste, mas sou obrigada a concordar)
Na terra do se
Depois se vê  (meu Deus, até quando?)
Diversão de adulto (aadoooro)

Terminada a leitura descubro que Feliz por nada certamente não passará para o rol dos favoritos, mas não sofri para lê-lo, pelo contrário me diverti pelo caminho e aproveitei a paisagem, se é que vale a analogia...

Este texto foi escrito para o Desafio Literário 2013