segunda-feira, 17 de junho de 2013

A indesejada aposentadoria - Josué Montello


TítuloA indesejada aposentadoria
AutorJosué Montello
Edição Comemorativa: Aché
Páginas144

Quando comecei a ler A indesejada aposentadoria de Josué Montello, não sabia bem o que esperar. A escolha deste livro  neste momento foi instigada pela recente leitura de Memorial de Aires, livro também lido por conta do Desafio Literário.
O livro já estava na pilha, então como gosto muito, do pouco que li do autor até agora  não seria sacrifício nenhum. Qual não foi a minha surpresa ao descobrir tratar-se de um livro que poderia servir ao tema de Junho!!!...

Memorial de Aires assim como este tratam do envelhecer. Raramente pensamos nisto quando jovens, mas quando envelhecemos de um modo ou de outro nos apegamos a nossos hábitos e maneirismos, apegamo-nos até mesmo a lugares e à forma de ver e viver a vida, o que dizer então de uma pessoa que durante trinta e cinco anos esteve no serviço público, sem uma falta, sem uma licença, sem uma entrada tarde, e ainda por cima com as férias obrigatórias gozadas na própria repartição (página 15 e várias outras no decorrer da história). Como se orgulha o próprio Guilhermino?

Percorrer as páginas do livro na companhia de Guilhermino foi vivenciar junto com ele o que é ter e perder a própria identidade e se ver de uma hora para outra sem rumo e sem objetivo. Infelizmente Gulhermino não conheceu Doménico De Masi, para usufruir de Ócio Criativo e para ele só existe uma única opção viver e trabalhar no Departamento de Águas até a morte. Como fica claro nas palavras de seu compadre o Inocêncio: "Todo trabalho já lhe disse uma vez, aqui mesmo na sua casa, é um hábito; quando envelhece com seu hábito, não pode ficar de uma hora para outra, sem fazer nada, de papo para o ar. (...) Na minha loja, o freguês que mais resmunga, é o que envelhece sem ter mais o que fazer. Dá para escrever cartas aos jornais, e é sempre do contra, vota invariavelmente com a oposição, acha que tudo está errado, e graças a Deus não dura muito. (pagina 112)

O que terá feito para para merecer este castigo? Pergunta-se Guilhermino na página 99. Eu também não sei, o que sei é que termino o livro com lágrimas nos olhos emocionada com a sua história de Guilhermino.


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