terça-feira, 19 de novembro de 2013

Modesta Mignon - Balzac

Livro: Modesta Mignon (in A comédia humana - vol 1)
Autor: Honoré de Balzac
Ano: 2013


Balzac é certamente um dos meus escritores favoritos. E qual não foi minha surpresa ao descobrir que toda A comédia humana foi incluída no index.  Então, veio a calhar a leitura de Modesta Mignon para o Fórum Literário organizado pela Gláucia este mês. 

Modesta Mignon tem ares de folhetim, e confesso que gosto mais do Balzac realista do que deste Balzac romântico. O romance (novela?) faz parte do volume 1 da Comédia Humana publicada pela Editora Azul.  E  a sua leitura me fez lembrar muito de Filomena Borges de Aluísio Azevedo, leitura também recente. Assim como Filomena, Modesta é uma leitora ávida que tem sua visão de mundo forjada a partir de suas leituras, como vemos na página 153:  Abatida com a morte da irmã Modesta se embrenhara em leituras contínuas, que quase a imbecilizavam. Esta imagem negativa das leitoras, parece ter estado muito em voga em determinado período do século XIX. Se não estou enganada encontramos isto em A abadia de Northanger, de Jane Austen, em Madame Bovary, de Flaubert, na Filomena Borges do Aluísio Azevedo...  

Assim como Filomena, Modesta tem seus sonhos de casamento baseados no mito do amor romântico, idealizado a partir de suas leituras constantes.  Gosto muito de livros que citam outros livros e autores,  mas  ainda que a  leitura deste fosse bastante agradável e até fluída senti falta do Balzac de O primo Pons e de O pai Goriot.  O texto me fez lembrar muito da novela (ou conto longo) O amor mascarado, onde a todo momento eu procurava sinais do Balzac a que estava acostumada e não encontrava, a diferença que não sofri para ler Modesta Mignon.  Contudo Encerro o mês de leituras de livros banidos  com a sensação de ter lido  apenas livros mornos, e de que este foi o mês mais difícil de escrever. 

Alguns grifos:

Por falta de trinta mil francos, às vezes se leva o diabo.  [96]  

Ah! Meus amigos, eu conheço bem a felicidade, tanto  quanto a desgraça... [111] 

Abatida com a morte da irmã Modesta se embrenhara em leituras contínuas, que quase a imbecilizavam. [153] 

Alimentara a alma com as obras-primas modernas das três literaturas, inglesa, alemã e francesa. Lord Byron, Goethe, Schiller, Walter Scott, Hugo, Lamartine, Crabbe, Moore, as grandes obras dos séculos xvii e xviii, a história e o teatro, o romance, desde Rabelais até Manon Lescaut, desde os Ensaios de Montaigne até Diderot, desde Fablioux até a Nova Heloísa; o pensamento de três países povoou de imagens confusas aquela cabeça sublime de fria ingenuidade. [153] 

Todas as grandes inteligências se adstringem a algum trabalho mecânico, a fim de se assenhorearem do pensamento. Spinoza polia os vidros dos óculos, Bayle contava as telhas dos telhados, Montesquieu se ocupava de jardinagem. Com o corpo assim domado, a alma abre as asas em plena segurança.  [173] 

Depois de haver esboçado a poesia é necessário dar aqui o perfil do poeta. [195] 

Mas também está provado que Virgílio, o poeta do amor, jamais amou uma Dido, e que Rousseau, o cidadão modelo, tinha orgulho bastante pra uma aristocracia inteira. Contudo Michelângelo e Rafael possuíam o feliz acordo do gênio e da forma do caráter. O talento nos homens é, pois, quanto ao moral o que a beleza é nas mulheres, uma promessa. 
Admiremos duplamente o homem no qual o coração e o caráter se igualem (...)  [211] 

Qual a realidade que jamais valeu o sonho? [230]  

Links sobre o index:
http://www.superinteressante.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1299:o-que-e-o-qindex-librorum-prohibitorumq&catid=12:artigos&Itemid=86

http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_autores_e_obras_inclu%C3%ADdas_no_Index_Librorum_Prohibitorum

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