sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O largo da Palma - Adonias Filho



Título: O Largo da Palma
Autor: Adonias Filho
Editora: Bertrand
Páginas: 110
Início: 07.01.2013 - Fim: 11.01.2013


A edição que leio é da Bertrand, que carece de uma apresentação e de algumas informações, como por exemplo, a data em que os textos foram escritos ou publicados pela primeira vez...


Bendito Google, descobri que o livro é de 1981. 
Para saber mais sobre o autor visite: Memorial Adonias Filho


Nos últimos meses tenho lido livros que foram uma verdadeira descoberta, e porque não dizer uma grata surpresa: O homem que sabia a hora de morrer, de Adelice Souza; A mulher de roxo, de Patrícia Sá Moura e Dadá, bordando o cangaço, de Lia Katz. Todos eles de alguma forma trazem como cenário a terra em que vivo. O que dá um sentimento de pertencimento, de identificação que até então eu não tinha sentido ao ler um livro. Então quando me falaram deste O largo da Palma, de Adonias Filho, interessei-me logo. As resenhas que li foram em sua maioria positivas. 


Já li as duas primeiras narrativas (são seis) e não encontro neste O Largo da Palma os sentimentos dos livros anteriores  e confesso que não tem me prendido muito e poderia até dizer que a leitura se arrasta. Em dado momento relembro de alguns textos lidos na escola. Mas, uma coisa chama-me a atenção como o nosso olhar fica contaminado pelas crenças e valores da contemporaneidade, do nosso mundo líquido, como diria Bauman. 



Tomara que mude. [07.01.2013]


E mudou. [08.01.2013]

Aparentemente A moça dos pãezinhos de queijo é o conto que mais prende a atenção do leitor deste O Largo da Palma, não foi o meu caso. Um avô muito velho me impressionou mais, assim como os contos Os enforcados e A pedra.

A casa do pãezinhos de queijo aparece em vários contos, e fico a pensar, no nosso pãozinho de queijo, hoje conhecido como pão delícia, diferentemente do pãozinho de queijo mineiro, feito com polvilho, o nosso é feito com farinha de trigo, é macio e fofinho com um recheio cremoso a base de queijo, e é uma delícia.


Incrível como tão pouca gente conhece O Largo da Palma, perguntei a vários amigos e quase ninguém esteve lá e olha que faz parte do centro histórico da cidade...  aliás, eu também preciso acabar com esta lacuna em meu currículo. 

Alguns dos grifos:  


 'E, se a avó o tratava com enorme carinho, o pai não ocultava a decepção de ter um filho, quando inválido, praticamente inútil.' [18] 


'o namorado, porém era ele, o avô'. [53] 


'juntos saíram do circo, comeram pipoca, beberam água de coco' [61] (em tempos modernos passariam no Mac ou na Doces Sonhos e tomariam cerveja ou coca cola depois de saírem do cinema, quase ninguém mais vai no circo)



'A cidade parece triste.
- A Bahia nunca foi alegre - Valentim, abaixando a voz, disse por sua vez.  - Uma cidade com escravos é sempre triste. É muito triste mesmo.  ' [92] 

'E, única vez em toda sua vida, agradeceu à Santa da Palma ter ficado cego' [97]


'Vendeu a joia a Salviano, cometa de uma casa da Capital, depois de um acerta-acerta brabo. Fechado o negócio, logo cometa engavetou o brilhante, com o dinheiro no bolso, Cícero Amaro tratou de fazer o que um homem faria. Entrou no primeiro botequim que encontrou e, começando a gastar a prata (...) [104]


'Amor tão violento, porém, durou por aí uns sete dias. No primeiro dia, Flor pediu uma pulseira de ouro. No segundo, Flor nada pediu. No terceiro, Flor pediu os brincos e cinco contos de réis. No quarto, sem que pedisse Flor ganhou três belos vestidos de seda. No quinto, Flor pediu o anel. No sexto - bem, no sexto dia o seu mundo já criado -e, e quando pediu mais cinco contos de réis, Flor descobriu que ele quase já não tinha dinheiro. Então, com seriedade e grosseria, Flor disse:

- Agora, seu besta, dê o fora!
- Mas Flor! '[108]