sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Cândido ou Otimismo - Voltaire





Livro: Cândido ou Otimismo 
Autor:  Voltaire  
Editora: Bestbolso e Ediouro
Páginas: 168 

Cândido estava na estante (pegando poeira?!) há um bom tempo, lá se vão uns bons dez anos. Loucura de quem compra mais livros do que consegue ler. Muitas indicações pareciam dizer que se tratava de um livro divertido e eu quase o retirei da pilha lá em fevereiro quando o tema do mês era livros que nos façam rir. Mas, como não tinha ideia de nenhum livro para novembro, livros banidos. Resolvi deixa-lo para depois. Na verdade o Cândido  foi a segunda leitura do mês.

E embora a grande maioria das resenhas e opiniões serem de um livro para rir, eu dei alguns sorrisos, e muito raramente risos.  A narrativa de Voltaire é sim carregada de uma refinada ironia, mas como rir das tantas desventuras porque passa o coitado do Cândido e sua amada?  Muitas vezes  tive a impressão de estar   assistindo a um desenho de Hanna Barbera, no estilo Tom e Jerry, onde os personagens são atropelados, amassados,  estropiados, morrem e renascem tal qual uma fênix .


Penso que ‘ Pangloss me enganou cruelmente quando me dizia que tudo vai bem no melhor dos mundos possíveis’.  Mas, quem sabe se formos para outro universo, como bem pensou Cândido ‘ é nele que sem dúvida tudo vai bem’. O que me faz pensar nos discursos de nossos políticos aonde tudo vai bem e não há mais nada a fazer. 

Resumindo Cãndido é muito, muito bom, mas não é o que eu esperava, ainda que eu nem saiba o que era.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Dezembro Natal




E afinal chegou dezembro e com ele o último mês do Desafio Literário, começado lá em janeiro. Certamente foi uma experiência enriquecedora. Já havia lido vários posts de Desafios anteriores, e nunca pensava em participar, porque escrever os comentários me inibia. Este ano, entretanto, resolvi encarar. Já falei aqui que sou estressada com metas e prazos, então montei a estratégia de sempre ler antecipadamente os livros e deixar os comentários a postar no rascunho do Blog. Parece que funcionou. 

Bem, lá no comecinho postei uma espécie de agenda que não se cumpriu totalmente, houveram alguns desvios de percurso. 

Não liJulia & July; O tempo entre costuras; Sonho de uma noite de verão; O amor nos tempos do cólera; O falecido Mattia Pascal; O evangelho segundo Jesus Cristo; nem Mrs. Dalloway e nem A prima Bete (não sei porque, afinal eu adoro Balzac). Que ficaram como leituras pendentes, continuam na pilha.

Levei meses lendo Walden, até esqueci que estava entre as metas do Desafio. E foi uma das melhores leituras dos últimos tempos, acabei não postando nada sobre ele, talvez eu reveja isto.

O que não correspondeu: Quincas Borba (e olha que eu gosto muito de Machado); Um certo verão na Sicília (sofri para terminar); Cândido (eu esperava boas gargalhadas com ele, não ri quase nada, ficava com dó do coitado do Cândido); Dália Azul (achei fraquinho, fraquinho, mas me deixou curiosa com os outros volumes da série... vai entender!); Muito barulho por nada (inacreditável gostei mais do filme)

As agradáveis surpresas: Queijo (divertido e um bom tratado informal de como  não ser um microempresário; O gato malhado e a andorinha sinhá (um dos livros mais doces que já li);  Memorial de Aires (que me levava à contemplação a cada duas ou três páginas e me fez ler A indesejada aposentadoria, que se transformou em favorito.  Montello me surpreendeu com uma narrativa cálida e primorosa); Incertezas de outono (que me fez pensar em Mitford um dos meus favoritos quando a matéria é livro reconfortante); Norte & Sul (um livro surpreendente, não sei porque era tão pouco conhecido/lido). Todos aqui são recomendadíssimos.

Meus agradecimentos  a todos que direta ou indiretamente me ajudaram a chegar até aqui.

Encerro este desafio com a frase de Gary Chapman um dos autores de Incertezas de outono


 "Não há nada como uma boa história

E desejo a todos  um Feliz Natal !

Este blog continua aqui

Um gato na manjedoura - Michael Foreman


Livro: Um gato manjedoura
AutorMichael Foreman
Editora: Globo 
Páginas: 28


A dica deste livro veio através das  sempre muito boas sugestões da Claire. Ela me disse que o livro era muito doce e que provavelmente eu gostaria. Certíssima ela. Este não é apenas um livro muito doce, é também um livro divertido. E acabei a leitura com um riso nos lábios e nos olhos. E com a alma aquecida.  O começo da história com o gato no estábulo é muito engraçado e confesso que me senti um tanto sacrílega por estar rindo de uma história com um quê de sagrado, mas depois deixei a culpa de lado e embarquei na história e foi pura alegria e acalanto. 

"Não gosto muito de bodes. Eles estão sempre medindo forças entre si. É difícil pegar no sono com bodes por perto."

" Nem me fale de jumentos! Não tolero jumentos. Eles olham para você com aqueles olhos enormes, como se fossem amigos, e então se viram e lhe dão um coice."






Cartas do Papai Noel - Tolkien


Livro: Cartas do Papai Noel
Autor: J R R Tolkien
Editora: Martins Fontes
Páginas: 168


A dica deste livro veio direto das sugestões do próprio Desafio e este é o meu segundo Tolkien. O primeiro foi O Sr Bliss que li depois de ver a resenha do Guina (http://www.skoob.com.br/estante/livro/25117242) lá no Skoob.  
Mas, voltemos ao tema do mês: Natal. Comprei o livro lá no início do ano quando decidi participar do Desafio. Fiquei encantada com a edição primorosa da Martins. Um livro lindo bem cuidado e que nos acalenta e conforta. Em vários trechos me peguei com aquele sorriso bobo no rosto. E o livro que inicialmente pensei em ler em uma tarde foi lido aos pouquinhos para saborear melhor, lia uma a duas cartas e fechava o livro para me pegar com ar sonhador.  Fico imaginando o amor de um pai que por mais de duas décadas senta-se a escrever cartas para seus filhos como se fosse o próprio Papai Noel. Pena que hoje o nosso Natal não traga nada desta magia e que as crianças não possam crer em Papai Noel, em renas e ursos polares, enfim na magia do Natal.

O livro de Tolkien merece infinitas leituras e releituras, recomendadíssimo para leitores de todas as idades.

E talvez daqui a um ano eu o leia de novo para ter esta sensação doce e reconfortante que as Cartas do Papai Noel  trouxeram e poder pensar que este "É um Natal luminoso de novo" 


Ângela e o Menino Jesus - Frank McCourt


Livro: Ângela e o Menino Jesus
Autor Frank McCourt
Editora: Intrinseca  
Páginas: 36

Desde que li este livrinho que tento lembrar de onde veio a dica, até agora não consegui.   E como é Natal o livreiro deve ter achado que um só não bastaria e dias depois recebi um novo exemplar do mesmo livro. E eu logo pensei que na minha caduquice precoce provavelmente havia comprado o livro duas vezes. Mas, comprei o livro apenas uma vez, e o recebi duas vezes, e honesta que sou paguei duas vezes, lógico. E agora tenho (tinha?) aqui dois exemplares de Ângela e o Menino Jesus.

Mas, vamos ao livro: bem ,não dá pra fazer um tratado de um livro com trinta e seis páginas. O que posso dizer sobre? Que eu o li em 10 minutos? Sim, eu o li em 10 minutos. Que eu gostei, e deixou um que de acalanto na alma? Sim, eu gostei, e deixou um que deacalanto na alma. Mas, uma estorinha doce como esta sobre uma garotinha com dó do Menino Jesus que está só e com frio no presépio da Igreja e o leva para casa para aquecê-lo, tem tudo para ser uma história reconfortante, não é?  Muito bom!

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Modesta Mignon - Balzac

Livro: Modesta Mignon (in A comédia humana - vol 1)
Autor: Honoré de Balzac
Ano: 2013


Balzac é certamente um dos meus escritores favoritos. E qual não foi minha surpresa ao descobrir que toda A comédia humana foi incluída no index.  Então, veio a calhar a leitura de Modesta Mignon para o Fórum Literário organizado pela Gláucia este mês. 

Modesta Mignon tem ares de folhetim, e confesso que gosto mais do Balzac realista do que deste Balzac romântico. O romance (novela?) faz parte do volume 1 da Comédia Humana publicada pela Editora Azul.  E  a sua leitura me fez lembrar muito de Filomena Borges de Aluísio Azevedo, leitura também recente. Assim como Filomena, Modesta é uma leitora ávida que tem sua visão de mundo forjada a partir de suas leituras, como vemos na página 153:  Abatida com a morte da irmã Modesta se embrenhara em leituras contínuas, que quase a imbecilizavam. Esta imagem negativa das leitoras, parece ter estado muito em voga em determinado período do século XIX. Se não estou enganada encontramos isto em A abadia de Northanger, de Jane Austen, em Madame Bovary, de Flaubert, na Filomena Borges do Aluísio Azevedo...  

Assim como Filomena, Modesta tem seus sonhos de casamento baseados no mito do amor romântico, idealizado a partir de suas leituras constantes.  Gosto muito de livros que citam outros livros e autores,  mas  ainda que a  leitura deste fosse bastante agradável e até fluída senti falta do Balzac de O primo Pons e de O pai Goriot.  O texto me fez lembrar muito da novela (ou conto longo) O amor mascarado, onde a todo momento eu procurava sinais do Balzac a que estava acostumada e não encontrava, a diferença que não sofri para ler Modesta Mignon.  Contudo Encerro o mês de leituras de livros banidos  com a sensação de ter lido  apenas livros mornos, e de que este foi o mês mais difícil de escrever. 

Alguns grifos:

Por falta de trinta mil francos, às vezes se leva o diabo.  [96]  

Ah! Meus amigos, eu conheço bem a felicidade, tanto  quanto a desgraça... [111] 

Abatida com a morte da irmã Modesta se embrenhara em leituras contínuas, que quase a imbecilizavam. [153] 

Alimentara a alma com as obras-primas modernas das três literaturas, inglesa, alemã e francesa. Lord Byron, Goethe, Schiller, Walter Scott, Hugo, Lamartine, Crabbe, Moore, as grandes obras dos séculos xvii e xviii, a história e o teatro, o romance, desde Rabelais até Manon Lescaut, desde os Ensaios de Montaigne até Diderot, desde Fablioux até a Nova Heloísa; o pensamento de três países povoou de imagens confusas aquela cabeça sublime de fria ingenuidade. [153] 

Todas as grandes inteligências se adstringem a algum trabalho mecânico, a fim de se assenhorearem do pensamento. Spinoza polia os vidros dos óculos, Bayle contava as telhas dos telhados, Montesquieu se ocupava de jardinagem. Com o corpo assim domado, a alma abre as asas em plena segurança.  [173] 

Depois de haver esboçado a poesia é necessário dar aqui o perfil do poeta. [195] 

Mas também está provado que Virgílio, o poeta do amor, jamais amou uma Dido, e que Rousseau, o cidadão modelo, tinha orgulho bastante pra uma aristocracia inteira. Contudo Michelângelo e Rafael possuíam o feliz acordo do gênio e da forma do caráter. O talento nos homens é, pois, quanto ao moral o que a beleza é nas mulheres, uma promessa. 
Admiremos duplamente o homem no qual o coração e o caráter se igualem (...)  [211] 

Qual a realidade que jamais valeu o sonho? [230]  

Links sobre o index:
http://www.superinteressante.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1299:o-que-e-o-qindex-librorum-prohibitorumq&catid=12:artigos&Itemid=86

http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_autores_e_obras_inclu%C3%ADdas_no_Index_Librorum_Prohibitorum

À sombra do olmo - Anatole France

Livro: À sombra do olmo  
Autor:  Anatole France
Editora: Bestbolso
Páginas: 168

Comprei  À sombra do olmo em 2010 e o livro ficou entre os tantos empilhados na prateleira, até que por estes dias tentando dar uma nova disposição para os livros, retirei este da estante e li um pequeno trecho. E descubro que o Anatole France tem uma escrita afiada e mordaz,  de certo modo filosófica e repleta de análises (atuais?) sobre  política e religião. E chego a pensar: este cara deve ter dado um bocado de trabalho para o clero.
Comentando com a Fê  sobre as leituras em andamento, ela me deu uma boa notícia: o livro serviria para o Desafio de novembro: livros banidos.  Anatole France teve suas obras incluídas no “index” ´por questionar a igreja e a sociedade.   Muito bom saber disto! 
A leitura de À sombra do olmo não foi uma leitura difícil, mas também não foi uma leitura fluída, exigiu algumas interrupções em trechos que julguei cansativos, ainda assim concluo a leitura com uma série imensa de marcações e com o projeto de ler os outros três livros da série publicada pela Bestbolso. 

Grifos: 


“Por suas maneiras, ao mesmo tempo, obsequiosas e discretas, que deixavam tudo esperar sem nada temer.”
“Sem dúvida, existem bons sacerdotes, devotados e inteligentes. Quando o clero se restringe às suas atribuições”.
“A Bíblia estabeleceu a legitimidade da guerra, e o senhor sabe melhor que do que eu que Deus é chamado Sabaoth, ou seja, o Deus dos exércitos.”
“– Não é disso que se trata – disse o prefeito. – Ele está morto. Trata-se de substituí-lo.”
“O PREFEITO – Pois bem! Diga-lhe que é inadmissível que Santa Radegonda ressuscite com a finalidade de aborrecer os senadores, os deputados e o prefeito do departamento (...)”. [!]
“O pior defeito do regime atual é custar muito caro. Ele não cuida das aparências: não é faustoso. Não faz ostentação de mulheres ou cavalos. Mas, sob uma aparência de modéstia e um exterior singelo, ele é perdulário. Tem um excesso de parentes pobres. Amigos demais a prover. É esbanjador. O mais deplorável é que vive num país depauperado, cujas forças minguam e que não mais se enriquece.”